54ª SESSÃO SOLENE DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA IX LEGISLATURA.
Em 25 de novembro de 1986
Presidida
pela Vera. Gladis Mantelli - 1ª Vice-Presidente.
Secretariada
pelo Ver. Antonio Hohlfeldt - 2º Secretário.
A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os
trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear o Jornal
"Diário do Sul".
Solicito
aos Srs. Líder de Bancada que introduzam no Plenário as autoridades e
personalidades convidadas. (Pausa.)
Convido
a tomarem assento à Mesa: Ver. Cleom Guatimozim, representando o Prefeito
Municipal de Porto Alegre; Jorn. Hélio Gama, Editor-Chefe do "Diário do
Sul"; Sr. Sérgio Rosa, Assessor de Marketing do "Diário do Sul";
Sr. Geraldo Gama, Assessor Jurídico do "Diário do Sul"; e Sra. Alda Souza,
Chefe da Empresa Brasileira de Notícias.
Falará,
em nome do PMDB, do PCB e como proponente da Sessão, o Ver. Caio Lustosa, que
tem a palavra.
O SR. CAIO LUSTOSA: Saudação ao "Diário do Sul". Ao
propormos esta homenagem tão bem acolhida pela unanimidade dos nossos pares,
fomos intérpretes de várias motivações, que, estamos seguros, lhe dão conteúdo
valioso.
A
persistente crise estrutural em que submerge o Rio Grande, além de todos os
aspectos tão conhecidos e proclamados, nas áreas econômica, social e política,
revelou-se, também, e em traços eloqüentes, no terreno da comunicação social, a
coincidir e acentuar-se no duro e triste período do regime autoritário. O
desaparecimento de veículos de comunicação, a supressão de oportunidades à
categoria de seus profissionais, a tendência à monopolização e massificação das
informações, tudo isso é o suficiente para esta Câmara, síntese da comunidade
porto-alegrense, festejar a presença, nova e atuante, do "Diário do
Sul".
E
por quê?
Seus
idealizadores, com capacitação e criatividade, sabem muito bem que o
desenvolvimento espantoso da tecnologia das comunicações teve, entre outras
conseqüências, a de propiciar a democratização da informação, de levar qualquer
fato instantaneamente, pelos meios eletrônicos, ao mais ignoto recanto da
"aldeia global" de Mac-Luhan.
Portanto,
as estruturas tradicionais dos veículos, impressos ou não, devem alterar-se: a
um jornal moderno, hoje, cumpre, sim, dar as notícias. Mas precisa ser
completo, ser influente, ser culto, ser documental, precisa ser útil ao seu
público. A este interessa não apenas saber o que aconteceu, mas por que este ou
aquele fato ocorreu. E aqui, precisamente, é que reside o principal fator de
importância de um novo órgão de comunicação, como o "Diário de Sul",
para a comunidade a que se dirige e da qual, inevitavelmente, refletirá os
problemas, desejos o esperanças.
Ao
proclamarem seus editores que ele "será um jornal capaz de indignar-se com
iniqüidades, a injustiça, a impunidade, consciente de que a democracia e a
livre iniciativa não prosperam quando os poderosos esmagam os fracos ou quando
os miseráveis não têm perspectivas", estão atentos para a enorme
responsabilidade a assumirem na fase de democracia incipiente em que vive o
País. E, para tanto, se dispõem a "discernir os verdadeiros e legítimos
interesses regionais que devem ser defendidos (do ponto de vista dos editoriais
do jornal) ou para os quais se deve dar atenção (do ponto de vista da cobertura
jornalística), daquelas lutas, ainda que coletivas, que buscam a manutenção de
privilégios ou vantagens de curto prazo, indefensáveis perante a sociedade
brasileira".
Mais
do que nunca, sobreleva, neste instante, a dimensão política dos meios de
comunicação, sabido que - como com justiça observa Marilena Chauí - "na
perspectiva democrática, o direito à informação não se reduz ao direito
(enorme) de recebê-la, mas ainda diz respeito ao direito de produzi-la ou de
oferecê-la".
A
sociedade brasileira, ainda sob o trauma do mais longo e bárbaro período de
dominação política, de arrocho econômico, de sufoco social - que a conduziram,
quase, à própria devastação ambiental -, mostra, e em sucessivos lances (da
mobilização pelas "diretas" até o recentíssimo episódio eleitoral),
que está disposta a romper com as estruturas arcaicas e injustas. Prossegue ela
na busca secular de sua verdade, com obstáculos incríveis e renovados, é certo,
construídos e sustentados por segmentos poderosos e privilegiados, externos e
internos, ludibriada, embora, por estratégias e casuísmos institucionais,
eleitorais e de toda ordem, mas profundamente desconfiada (e que o digam os 25%
de abstenção do pleito) e por vezes indignada.
Informação
e opinião, portanto, constituem-se, aqui e agora, em ingredientes fundamentais
e indispensáveis à abertura e consolidação democráticas, em consonância, aliás,
com um processo, também a nível mundial, de superação de superpoderes
militares-industriais absurdos e cruéis.
Não
ignoramos a advertência de Umberto Eco (a de que "um país pertence a quem
controla os meios de comunicação"), mas vislumbramos com ele que para
superar esse, entre tantos outros riscos, necessitamos daquilo que tão bem
define como "uma solução de guerrilha": "a batalha pela
sobrevivência do homem como ser responsável na Era da Comunicação não é vencida
lá onde a comunicação parte, mas aonde ela chega". E, num desafio:
"teremos que ser capazes de imaginar sistemas de comunicação complementar
que nos permitam atingir cada grupo humano isolado, cada membro isolado do
público universal, para discutir a mensagem que chega à luz dos códigos de
chegada, confrontando-os com os de partida".
É por entender que a proposta jornalística do "Diário do Sul", moderna, aberta e diversificada, se alinha ao esforço de livre informação, de amplo debate, de construção da democracia real e efetiva (não apenas formal), que saudamos o seu surgimento, por não concebê-lo como mais uma "divindade anônima da Comunicação Tecnológica", e sim como um companheiro de acertos e desacertos, de lutas e de sonhos, tão identificado com a vida deste Rio Grande e de sua gente. Que ela possa dizer-lhe, a cada edição e por tempo sem limites, com a mesma autenticidade do mordaz Umberto Eco: "Seja feita não a Vossa, mas a nossa vontade". Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Hermes
Dutra, que fala em nome das Bancadas do PDS e do PDT.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais
personalidades presentes, nosso registro, nesta tribuna, prezado Jornalista
Hélio Gama, prende-se, especificamente, a registrar de forma muito eloqüente, e
eu diria que com muita satisfação, o fato de termos na nossa Capital mais um
diário, que tem o nome de “Diário do Sul". Na verdade, o homem público,
aquele que exerce uma função política, tem, na imprensa, o aliado diário, e o
aliado diário não no elogio fácil ou no registro meramente fotográfico ou de
prosa, mas um aliado na medida exata em que este meio de comunicação impresso
representa, fundamentalmente, um veículo de divulgação da aspiração popular. O
jornal, aliás, que não fizer isso não é um jornal; é um simples veículo
impresso que pode atender um ou outro interesse eventual, mas não cumpre a
finalidade da livre imprensa, que é expor o fato contraditório da própria
democracia, necessário, inclusive, para a sua existência - a democracia, como
bem frisou o Ver. Caio Lustosa, real, sem adjetivações, esta contradição
necessária para que possam todos expor o que pensam e ouvir o que os outros
pensam. Da exposição dessas idéias, dessas aspirações, pode aquele que tem o
dever, aquele que exerce uma função pública, tirar também a sua conclusão,
tendo alargados, pela ação da livre imprensa, os seus horizontes e a
possibilidade de, mesmo errando, não errar por falta de informação. Este contexto
é muito salutar para o nosso Estado, que tinha uma grande dívida para com a
Nação porque recebeu do resto do País o título de Estado mais politizado na
Nação, mas devia à Nação essa politização no que se refere à imprensa, porque
não acredito em povo politizado, se não tivermos um número razoável de órgãos
de informação. Infelizmente, o Rio Grande do Sul - é desnecessário aqui relatar
a nefasta experiência que tivemos na área da comunicação impressa -, de sete
jornais diários que tinha há alguns anos, hoje está resumido a três, ou melhor,
quatro, com o surgimento do "Diário do Sul". Diga-se de passagem,
prezado jornalista, esta Casa, muitas vezes, conviveu junto não só na aspiração
individual da cada Vereador, não só na curiosidade natural de cada um de nós,
mas, sobretudo, naquela ânsia de tratativas e conversas que há mais tempo se
faziam - e nas quais era nosso informante oficial o Ver. Antonio Hohlfeldt -
sobre o surgimento de um novo jornal no Rio Grande, que demorou, mas,
finalmente, veio. E, como disse o Ver. Caio Lustosa, veio com uma proposta
muito boa, uma proposta que, efetivamente, busca trazer ao leitor
porto-alegrense, ao lado da informação, uma alternativa de opinião , que é a
busca da análise mais profunda do fato do que o simples fato ser noticiado e,
sobretudo, pelo que estamos vendo diariamente no jornal, buscando alargar esse
horizonte, inclusive trazendo pensamentos de grandes jornais, possibilitando ao
leitor gaúcho, até hoje sujeito às suas fronteiras, a facilidade de poder
conviver com idéias da grande imprensa mundial também. Neste aspecto, quero que
recebam, de maneira muito informal, a saudação da Bancada do PDS e o desejo
muito sincero de que o "Diário do Sul" consiga superar os obstáculos
que, sabemos, são grandes e ainda serão muitos pela frente. Mas confiamos na
capacidade, na dinâmica, no trabalho efetuado por essa equipe dirigida pelo
Jornalista Hélio Gama, tão conhecido em nosso Estado e em nosso País. Temos a
certeza de que o "Diário do Sul", com a força do trabalho dos seus
funcionários, com a força que os seus leitores haverão de lhe dar, haverá de
conviver com cada gaúcho, fazendo com que se torne também uma tradição do Rio
Grande. Neste sentido, receba, pois, repito, os nossos agradecimentos. De nossa
parte, esteja tranqüilo de que estaremos prontos para, ao lado do "Diário
do Sul", colaborar naquilo que for possível. Repito o que disse no início:
a nossa atividade depende muito, e muito mesmo, de uma imprensa, mas de uma
imprensa livre e de opinião. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Ignácio Neis, que
falará em nome da Bancada do PFL.
O SR. IGNÁCIO NEIS: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, demais
presentes, é com orgulho, com satisfação, que acompanho o trabalho do
"Diário do Sul". Há dois meses, fui visitado por alunos e alunas
meus, no Centro de Porto Alegre, que me perguntavam: "Professor, já
conhece o "Diário do Sul”? Mas como? Conhece o "Diário do Sul"?
Conheço o "Diário de Notícias", que já foi; conheço o “Jornal do
Dia”, que já foi, mas o "Diário do Sul" não conheço, não.” Então, nós
viemos oferecer-lhe uma assinatura do "Diário do Sul". Aí,
conversando, fiquei conhecendo o "Diário do Sul". Fiquei curioso.
Comecei a acompanhar e logo após comecei a ver propagandas na televisão.
Comecei a pesquisar e acompanhar, desde o primeiro número, o "Diário do
Sul". Analisei-o e sobre isto gostaria de tecer algumas considerações.
Em
primeiro lugar, descobri que o Diretor é Luiz Fernando Vieira Levi, o mesmo que
é Diretor do Jornal do "B", Grupo Gazeta. Hélio Costa Nogueira Gama
Filho, jornalista, gaúcho de Cachoeira do Sul, que já trabalhou na
"Veja", já foi Diretor da própria Gazeta Mercantil, em Porto Alegre,
foi o pai do projeto "Diário do Sul", é seu Diretor-Geral e
Editor-Chefe. Antônio Carlos Marins, Diretor Comercial, gaúcho, com quase vinte
e cinco anos dedicados ao jornalismo, foi Diretor Comercial na Gazeta
Mercantil. Maria Helena Kraissler, gaúcha de Ijuí, administradora, trabalhou na
Gazeta. Ubirajara, gaúcho de Porto Alegre, com vinte e cinco anos de trabalho
no setor gráfico e organizações congêneres no País, com dez anos de trabalho na
Gazeta, exerce, no "Diário do Sul", o cargo de Diretor Industrial de
Circulação. Werner Iterchert, gaúcho de Porto Alegre - estamos percebendo que é
um diário gaúcho -, engenheiro em administração, exerce o cargo de Gerente
Administrativo-Financeiro. Sérgio Roberto Alves Rosa, economista, gaúcho de
Porto Alegre, exerce o cargo de Assessor de Marketing. Geraldo da Rosa, já
nosso amigo de muitos e muitos anos, exerce o cargo de Assessor Jurídico.
Observei
o "Diário do Sul", página a página, e verifiquei, em relação a outros
jornais de Porto Alegre, que até no número de palavras é diferente: mais ou
menos dois livros "O velho e o mar", diariamente impressos, com
notícias, perfazendo umas setenta mil palavras por dia, seis colunas de cinco
palavras e meia, na média, cento e vinte frases por colunas. Cada palavra é
mais instrutiva que a outra, vendendo uma filosofia de neutralidade. Em todos
os textos, desde seu primeiro dia, observei algumas coisas. Percebi que o
"Diário" não se situa como de esquerda ou direita, mas apenas tenta
analisar os fatos, apresentá-los, e com isenção. Está compromissado com
diretrizes como o "ABC da livre iniciativa". É favorável ao progresso
e considera este um instrumento, não como fim último do homem, e, sim, como
meio de fazê-lo feliz e realizado. Quer participar ativamente do processo
sócio-econômico e político, tentando ajudar o Rio Grande a ser maior, um Estado
mais aberto e democrático. É liberal e admite a interveniência do Estado para a
situação do bem comum. Propugna por um processo democrático, uma sociedade
humana e política. Respeita a lei e seu cumprimento. Opõe-se à injustiça,
iniqüidade e impunidade. Quer dar perspectivas e melhor qualidade de vida e
oportunidades aos miseráveis. Consagra a valorização da pessoa humana. É um
jornal ético, que se opõe numa relação de reciprocidade com o leitor, porque
sua linha é firmada pela veracidade e cautela profissional. Ético com
anunciantes e anunciados, empregados, com relação aos seus direitos, valoriza a
profissão de jornalista. Propugna pela credibilidade de sua ação. Dá
importância ao texto publicado, tanto do ponto de vista da forma como do
conteúdo. Observei página por página. Até, num dia desses, em sala de aula, num
curso de oratória, trouxeram como modelo para improvisar um discurso,
homenageando qualquer situação, o "Diário do Sul". Ali, nós
analisamos a crítica de cinema que este jornal faz com mais profundidade que os
outros; a de arte, também, com mais profundidade que outros; a política temos
observado que tem abordado de outras maneiras, com mais profundidade. Percebi
que se nós quisermos estar em dia com a notícia, com o assunto do dia-a-dia,
podemos ler qualquer jornal, mas, se quisermos nos preparar para o futuro, um
bom jornal é o "Diário do Sul". É um jornal que vai nos dar um
embasamento crítico, que pode ajudar o nosso raciocínio para tirarmos uma idéia
das coisas que acontecem no mundo. Com o "Diário do Sul", poderemos
tirar juízo das coisas boas e das coisas ruins. É um jornal que veio para
servir, veio para despertar as consciências. Por isso, estamos apostando nele.
Sabemos das suas dificuldades. Nós todos acompanhamos tentativas de outros
jornais nos últimos anos, desde a guerra que existe entre as concorrências para
que vençam os melhores, para melhor servir à comunidade, mas que trazem, às
vezes, muitas dificuldades para os bons. Acompanhamos todas as dificuldades e o
trabalho. Estamos vendo que o "Diário do Sul" já vem forte e parece
dizer, com suas frases, com o seu jeito: "sou um cavalheiro em cima de um
cavalo branco, forte, tranqüilo, cheio de saúde e com muito vigor. Estou aqui
para trazer as notícias deste pago do Sul. Podem confiar em mim. Tenho muita
resistência. Sou homem de fé. Confio no futuro, no Estado, no povo gaúcho.
Tenho esperanças de que as coisas vão melhorar”.
Tenho
a certeza de que o povo gaúcho e o povo brasileiro têm muito a dar, muito a
crescer, muito a plantar e muito a colher de felicidade, segurança, realização,
amor, amizade, que vai semear este jornal. Colher de "status", de
projeção nacional, colher um bom nome. Este jornal vai dar a todos o que
merecem e vai combater a quem merece ser combatido. Parabéns! Nossos votos. O
PFL se identifica com este jornal, que não veio para ser de um partido. Veio
para ser de todos, mas nós, do PFL, estamos felizes, porque sentimos que as
suas idéias são as nossas, que sua maneira de ser é a nossa maneira de pensar.
O que importa é a liberdade de expressão para que todos sejamos livres. Livres
da miséria, livres da ignorância, livres em nossas consciências para sempre
optarmos pelo melhor. Parece-me que o "Diário do Sul" está certo.
Parabéns. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt,
que falará pelas Bancadas do PT e do PSB.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Exma. Sra. Ver.ª Gladis Mantelli,
Presidente em exercício da Câmara Municipal de Porto Alegre; meu prezado
companheiro Hélio Gama - não sei se digo meu chefe, também, de redação, já que
integro a equipe do "Diário do Sul" com muita honra; meu prezado
companheiro, Ver. Cleom Guatimozim, representando, neste ato, o Prefeito
Municipal, Alceu Collares; prezado companheiro Sérgio Rosa, Assessor de
Marketing do "Diário do Sul"; Geraldo Gama, Assessor Jurídico; minha
companheira Alda Souza, hoje na EBN, mas há muitos anos batalhando no
noticiário político neste Estado - ela, talvez, uma das poucas jornalistas
mulheres a cobrir o setor e enfrentando um desafio muito grande desde o tempo
da Assembléia Legislativa; Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores,
pediu-me o Ver. Werner Becker, do PSB, que falasse, igualmente, em seu nome, o
que faço aqui com muita honra. É-me difícil, Hélio, separar hoje a minha
função, aqui, de Líder do PT da minha profissão de jornalista, que eu exerço há
mais de vinte anos. Mas, para se falar e se entender o que significa para todos
nós, profissionais de imprensa, políticos, gaúchos, porto-alegrenses, o significado
de um novo jornal, dentro dos moldes a que se propõe o "Diário do
Sul", vale a pena se reportar a um debate que tinha, no semestre passado,
com um aluno meu no pós-graduação de comunicação da PUC, onde a discussão era
saber qual o melhor jornal, se a "Folha de São Paulo" ou a
"Gazeta Mercantil". Argumentava este aluno, que era um profissional
de imprensa, que a "Folha de São Paulo" atingia múltiplos aspectos de
informação e, nesse sentido, era um jornal que abria caminho às várias
correntes de expressão. Citava, especialmente, o "Folhetim" e a
"Folha Ilustrada". Contra-argumentava eu que, ao contrário,
parecia-me que a "Gazeta Mercantil" cumpria um papel mais importante
na medida em que, sendo um jornal dirigido a um determinado setor da sociedade,
ele, na verdade, tinha não uma isenção ou uma neutralidade, mas ele tinha uma
clareza ao prestar uma informação e ao tomar uma posição. Tanto que, em boa
parte, nos últimos anos, quando nós queríamos ter informações mais precisas,
por exemplo sobre o PT, por exemplo sobre a CUT, por exemplo sobre as greves,
não nos adiantava muito buscar os jornais comprometidos com o discurso da
ditadura, ou depois os jornais que correram a arrepiar-se sob o manto da Nova
República, porque sempre tínhamos uma informação pela metade. Sempre tínhamos
uma versão, enquanto que, na "Gazeta", nós encontrávamos as várias
versões reunidas num único texto, permitindo ao seu leitor ter, efetivamente, a
possibilidade da informação da sua opinião a partir das várias fontes. E, nesse
sentido, discutimos muito, Hélio. Não chegamos, evidentemente, a nenhuma
conclusão, mas me parece que se levanta aí o elemento que para mim é
fundamental na linguagem do nascimento do "Diário do Sul".
Tenho
aqui, hoje, neste Plenário, alguns companheiros que comigo fizeram parte da
greve da Caldas Júnior em final de 83, início de 84. Tenho, aqui, companheiros
que, como eu, têm, no mínimo, uma década de profissão, nesta Cidade, na difícil
tarefa de informação, nos vários setores. A Alda no setor político, a Chucha no
setor de informação geral, eu na área cultural, e o Hélio, que tem vivido nesta
área mais tempo do que nós. Não estou, com isso, te chamando de velho, mas tens
experiência multiplicada em vários órgãos da nossa imprensa brasileira. Nós
sabemos o quanto é difícil manter a autonomia de uma publicação, a
independência destas publicações que, se não sofrem as pressões
político-partidárias de momento, sofrem as pressões das agências de
publicações, que determinam uma censura indireta, às vezes muito mais nociva,
que é a chamada censura policial que sofremos durante períodos de exceção, como
o que atravessamos desde 64, durante duas décadas e pouco. Assim, ao mesmo
tempo em que enfrentamos uma crise violentíssima nos meios de comunicação, com
um desemprego maciço, com um rebaixamento de salários, com a perda de autonomia
dos poucos órgãos que ficaram, com o abandono de um percentual significativo de
profissionais de meios de comunicação que deixaram sua profissão, trocando-a
por um outro meio qualquer de sobrevivência, foi nesse momento que surgiu a
"Gazeta Mercantil Sul". E, pessoalmente, inclusive, tive a
oportunidade de, em saindo do "Correio do Povo" no dia 30 de maio de
1984, no dia 1º de julho engajar-me na equipe da "Gazeta Mercantil
Sul", que acompanhei, durante toda a sua história neste Estado, nos seus
dois anos e pouco de existência, quando, por seu lado, cedeu lugar, ou melhor,
eu diria que se ampliou, cresceu, atingiu maturidade, com o lançamento do
"Diário do Sul".
Acho que todos os companheiros Vereadores,
aqui, de um modo ou de outro, destacaram a importância de termos um novo
jornal. Mas há alguns dados que, talvez, os companheiros Vereadores, a opinião
pública ainda não acompanhem, não conheçam, porque ainda não viveram tanto por
dentro a vida, a luta para se colocar o o jornal na rua. Evidentemente, eu sei
muito pouco, também, apesar de estar mais perto dessa história, mas eu gostaria
de lembrar, por exemplo, que a importância da "Gazeta Mercantil" foi
tão grande, e da "Gazeta Mercantil do Sul" nesse período, que o seu
espaço, dentro da história da "Gazeta Mercantil Nacional", se tornou,
de imediato, um espaço, até em termos de faturamento, relativamente mais
importante do que o "Jornal Nacional", tal a necessidade que o Rio
Grande do Sul tinha, num primeiro momento, de encontrar um novo jornal
alternativo para fugir do monopólio que então se firmava e, até, à revelia de
uma única empresa, de um único jornal. Esse foi um primeiro dado importante. E
esse dado, dentre tantos outros, foi, também, um dado definidor de um projetor
novo, um projeto que enfrentou não poucos desafios, é bom que se lembre.
Enfrentou quebra de promessas e acordos, e enfrentou, até mesmo, roubo de
projetos num determinado momento, mas nem por isso deixou de se concretizar no
que hoje é o "Diário do Sul". Eu confesso aos senhores, e não tive
ainda a oportunidade de conversar nem com o Hélio, nem com o Sérgio, nesta
azáfama maluca de campanha eleitoral, que foi com muita emoção, emoção quase do
adolescente que começou na redação do "Correio do Povo", que eu
entrei, no primeiro dia, na redação do "Diário do Sul" e vi uma
redação de jornal de verdade depois de muitos anos. Vi, realmente, uma equipe
jovem. E desculpem aqui eu valorizar os jovens. Nada contra os velhos, mas, quando
se chega na redação de alguns outros órgãos nesta Cidade, a gente fica um pouco
triste de ver que se retorna a macetes, a manias, a desvios, a mentiras que se
têm pregado, como aqueles que se constituiriam uma chamada grande imprensa. E
um espírito diferente o que paira na redação do "Diário do Sul",
mesmo sem o ar condicionado, por enquanto. Há uma frescura diferente dentro
daquela equipe de mais de oitenta jovens jornalistas. Independente da situação
física que ainda enfrentamos no prédio novo, há um "tchan", para
ficarmos na palavra que usamos hoje, no dia-a-dia. Há, realmente, uma tensão,
no bom sentido do significado deste termo, em que as pessoas vibram, de maneira
permanente, na integração desta equipe, nas reuniões de pauta, na discussão do
que vai se constituir a edição de cada momento, começando - como há muito eu
não via - logo de manhã cedo e permanecendo até noite adentro, quando a edição
começa a ser dada como pronta, indo, depois, para as rotativas. Como
jornalista, parece-me que isto é importante; como político, isto me parece
fundamental: a seriedade de informação. A "Gazeta”, historicamente, é um
jornal que costuma buscar informações por telefone, aparentemente uma coisa
meio negativa, mas a seriedade que ela conseguiu impor na sua história faz com
que a fonte dê absoluta segurança nesta informação por telefone e multiplique,
sem dúvida, a mobilidade no sentido de trazer o dado para dentro da redação, de
buscar a informação sem que se tenha de colocar dezenas de repórteres na rua,
correndo feito loucos à cata dos dados que vão ser, depois, reunidos numa única
matéria. Esta foi uma conquista histórica, do que eu conheço, pelo menos, da
"Gazeta Mercantil" a nível nacional, retomada pela "Gazeta"
na sua redação do Rio Grande do Sul, mantida pela "Sul" e, agora,
expandida através do "Diário do Sul".
Um outro dado importante: conjunto de fontes
do "Diário do Sul". Um leitor um pouco mais atento vai se dar conta,
e sem grandes estardalhaços, que a "Gazeta" está expandindo o nível
de fontes e de informações. Nos últimos números, nós temos companheiros que,
por um ou outro motivo, saíram do Rio Grande do Sul e estão espalhados pelo
Brasil, mandando as suas informações, os seus dados coletados nos lugares onde
se encontram, além dos acordos, dos contratos firmados com agências
internacionais. Observem que, enquanto há mais ou menos dez anos atrás os
jornais Caldas Júnior e RBS tinham, e se considerava isso como uma grande
aquisição, contratos permanentes com três grandes agências - duas norte-americanas
e uma francesa - e alguns serviços esporádicos de agências noticiosas
governamentais de outros países, o "Diário do Sul" abria suas portas
mantendo convênios com dezenas de agências diferentes, inclusive agências
não-oficiais e, para surpresa e ponto positivo para o RS, oriundas de Cuba, o
que, de fato, nos abre um novo caminho de informação com relação às
possibilidades e perspectivas de interpretação dos fatos da América Latina a
partir da própria América Latina.
Outro
aspecto importante que, como profissional e jornalista, não poderia deixar de
mencionar: a autonomia e o respeito profissional que se tem pelo jornalista já
na "Gazeta" e, agora, no "Diário do Sul". Notarão os
Senhores que toda a matéria é assinada: é a responsabilidade do jornalista, ou
do fotógrafo, ou do articulista, mas é, também, a possibilidade de este
profissional ter a sua própria opinião, ainda que possa vir a ser divergente em
relação ao editorial e à linha geral do jornal. Esse dado parece-me importante.
Lembro um diálogo que tive com o Hélio, no qual ele vangloriava-se por jamais
exercer censura sobre qualquer jornalista que com ele trabalhava. E eu acho
que, se se observa o caminho trilhado pela "Gazeta" e, agora, pelo
"Diário do Sul" em seus primeiros dias, seus primeiros passos, me
parece que essa linha foi ainda mais definida, exatamente com a abrangência que
o "Diário" se propôs, levando em conta a segurança do leitor em ser
informado e não ser conduzido, sectariamente, na informação contida no jornal.
Por
fim, gostaria de salientar outro aspecto importante. Quando olho jornais
atrasados, lembro de uma lição primária que nós, profissionais que atuamos
lecionando na área de comunicação, repetimos aos nossos alunos e colocamos a
nós mesmos, diariamente: nada mais velho que um jornal de ontem, mas, ao mesmo
tempo, a prova fundamental da importância de um jornal é se verificar o quanto
esse jornal se torna história depois que se torna "velho, ultrapassada a
sua vida de 24h". A maneira pela qual o "Diário do Sul" está
sendo estruturado deixa-me a absoluta certeza de que, a cada dia, ele se
tornará uma fonte primária, fundamental, daqui pra frente, enquanto existir, da
história do Rio Grande do Sul, dos debates aqui desenvolvidos, das questões da
realidade brasileira, e, muito especificamente, porto-alegrense. O espaço
dedicado a questões de interpretação, dando ao leitor o antecedente da
informação, os fatos relativos ao elemento que está sendo analisado e as
possibilidades e perspectivas que se vão desenrolar a partir daí nos dão a
tranqüilidade de que este jornal se tornará daqui para frente, sem dúvida
alguma, uma fonte de pesquisa para aqueles que nos sucederem, daqui a algumas
décadas, e quiserem poder interpretar fatos da nossa história recente. É nesse
sentido, prezados Hélio e Sérgio, que discutíamos há um tempo atrás, na
Universidade Federal, a questão da violência nos meios de comunicação.
Prezado
companheiro Geraldo Gama, o desafio de começar um jornal novo, de vencer as
dúvidas das agências de publicidade em abrir suas contas, seus anúncios para
este novo jornal, o desafio de buscarem junto ao público uma credibilidade,
aquisição da assinatura e venda em banca, que é um desafio que só o tempo
permitirá seja ultrapassado e um tempo que, todos sabemos, não é curto, pede paciência,
confiança de todos nós. Espero que esse desafio possa ser vencido, porque nos
parece ser fundamental. Não é casualidade que, num momento em que tanto se fala
num Brasil novo, surja um jornal que, realmente, não só em termos de Rio
Grande, mas em termos de Brasil, renova a imprensa brasileira. Não
isoladamente, mas renova, de qualquer forma, uma fatia de colaboração que me
parece muito importante, sobretudo se julgarmos que vem do Rio Grande do Sul. E
é nesse sentido que, com a humildade do meu trabalho profissional, eu me incluo
nesta equipe e, enquanto Vereador, enquanto em nome do PT, em nome do meu
companheiro do PSB, quero saudar a todos vocês e desejar que possamos nos
reunir várias vezes para comemorar a sobrevivência do "Diário do Sul",
que é do nosso maior interesse. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Jorn. Hélio Gama,
Editor-Chefe do "Diário do Sul".
O SR. HÉLIO GAMA: Sra. Ver.ª Gladis Mantelli, Srs. membros
da Mesa, Srs. Vereadores, gostaria, em nome do "Diário do Sul" -
Editora Jornalística, agradecer a homenagem desta Câmara de Vereadores e
colocar apenas algumas coisas a respeito do nosso jornal.
Existe
um princípio básico, que é o princípio básico da democracia, que é extremamente
singelo, mas que não deixa de ser extremamente importante. É o fato de que, na
democracia, nós achamos que o povo sabe mais. O princípio básico da vida
democrática é este. O povo sabe mais, e é por isso que o povo elege os
representantes através dos partidos políticos e é por isso, também, que nós
tendemos a democracia, a nos dobrar ao desejo do povo, ao comando do povo.
Agora, como é que o povo sabe mais? O povo sabe mais se o povo tiver acesso às
informações, tiver acesso ao conhecimento e puder se organizar como força
política para assumir o comando das nações. E para que a democracia funcione e
prospere o povo precisa saber mais. Realmente, ele precisa saber mais. Acho que
a função de um jornal como o "Diário do Sul" é uma função parecida,
também, com a função que os políticos exercem. Os políticos e os partidos estão
em contato permanente com o povo, buscando a aspiração do povo para encontrar
as soluções dos problemas populares. Os jornais tentam, também, conhecer,
extrair da vida da sociedade, da vida do povo, também aquelas informações que
darão sustentação às decisões dos governos. Também servem para alertar o
próprio povo. Acho que, quando a vida da sociedade fica muito complexa, como é
hoje, uma boa parte das pessoas, imagino, vive, dentro da sua sociedade, como
se estivesse debaixo de uma permanente bruma, uma bruma espessa, escura, que
dificulta ao cidadão, às pessoas, exercerem o seu papel dentro da sociedade,
para transformar a sociedade a seu favor, para conseguir que a sociedade lhes
dê certas garantias mínimas de sobrevivência, de conhecimento, etc. A impressão
que nós temos, dentro do jornal, é de que, infelizmente, no nosso País, um
número demasiadamente grande de pessoas vive ainda dentro desta bruma. O papel
da imprensa livre, dos jornais, é o de mostrar a estas pessoas a realidade, é o
de tentar tirar essa bruma da frente delas para que elas possam ver a
realidade, possam viver dentro da realidade, enfrentar a realidade para poder
transformá-la. Sabemos, então, que temos um papel público, um papel social de
extrema relevância dentro da sociedade. Nem sempre nós, da imprensa, temos
sabido cumprir, desempenhar corretamente este papel. Mas também é preciso levar
em conta que, às vezes, este papel é importante demais, pesado demais, que
exige demais, e nós temos limitações técnicas, limitações de preparação,
limitações de pessoal. E nós tivemos na nossa Cidade, por exemplo, limitações
de jornais. Tivemos, ao longo dos anos, a perda lenta de um grande número de
jornais. O que isso faz? Reduz a diversidade da informação. Reduz o esforço em
busca da informação e reduz, no final das contas, a consciência das pessoas em
relação à realidade. Acho que o "Diário do Sul" entra, neste momento,
num período florescente da imprensa do Rio Grande do Sul, num período em que
nós comemoramos o retorno de um dos mais tradicionais órgãos de imprensa do
Brasil, como é o caso do "Correio do Povo". Nós comemoramos grandes
investimentos que estão sendo feitos pelos órgãos eletrônicos de comunicação
para ampliar a cobertura jornalística e, também, comemoramos o aparecimento de
vários órgãos jornalísticos especializados - jornais de bairros, jornais
semanais. Quer dizer: a sociedade começa a revelar, na sua vida informativa, na
sua vida de comunicação, uma nova força, um novo vigor que vai dando a esse
mercado um novo contorno. Qual é esse novo contorno? Esse novo contorno da
competição em busca da qualidade. Nós voltamos, então, a competir em busca da
qualidade. O Jornal "Diário do Sul" é um jornal que entra modestamente,
humildemente no mercado, pedindo licença, mas é um jornal que pretende competir
pela qualidade. A garra com que os nossos jornalistas têm feito os jornais do
dia-a-dia faz com que tenhamos feito um compromisso em vários lugares onde
tivemos oportunidade de falar. Nós nos comprometemos com o seguinte: o Jornal
"Diário do Sul" que o leitor lê hoje é melhor do que o "Diário
do Sul" que ele ontem. Ele é melhor. Ele é feito de maneira melhor, ele
tem um acabamento melhor, os redatores escreveram de forma melhor. Nós temos
mais informação e amanhã, quando o leitor ler o novo exemplar, esse exemplar
será melhor que o de hoje. O compromisso que nós temos com a sociedade é esse:
o de fazer um jornal cada dia melhor. E é isso que devemos fazer. Isso pega.
Tenho visto, nos demais órgãos de imprensa de Porto Alegre, também um novo
vigor. Os profissionais estão competindo em busca da qualidade. E quem ganha
com isso? A sociedade, o público leitor, que vai ter maior diversidade, maior
número de informações, informações mais qualificadas, mais completas e também
muito mais isentas, porque existe um capítulo todo dentro do debate sobre a
autonomia dos jornais, a independência dos jornais, que muita gente se esquece
e que é um detalhe muito importante: os jornais também aumentam a sua autonomia
e a sua independência com a existência de vários jornais. Por quê? Porque a
existência de vários jornais complica as pressões, inibe as pressões, dificulta
as negociações daqueles que querem que as notícias não circulem. Os interesses
ficam mais difíceis de serem orientados quando existe uma imprensa
diversificada. Por quê? Porque existe sempre o risco de que, se alguém ceder à
pressão, o outro não ceda. E aí quem não der a notícia está mal diante do
leitor.
Nós
estamos vivendo, também, o momento brasileiro extremamente rico e do qual este
jornal pretende participar com grande intensidade. Estamos vivendo aquele
momento que nós podemos dizer de construção de uma democracia e de
transformação social e econômica do País. Milhões de pessoas, neste País, vivem
em condições de vida que são indignas e que gritam na nossa consciência. Este
País precisa se transformar e dar respostas adequadas para estes milhões de
brasileiros que não aceitam mais viver na miséria, na ignorância, na pobreza
mais absoluta, mais indigna. E este País só poderá buscar a transformação se
ele tiver políticos, partidos que sejam suficientemente competentes para
compreender as mensagens que o povo lança através das urnas, periodicamente, e
para ouvir estas massas que se organizam através das várias organizações da
sociedade civil. E também este País só obterá estes caminhos, estas soluções,
se tiver uma imprensa livre, influente, suficientemente poderosa para dar
cobertura para as decisões corajosas. As urnas que foram abertas no final de 15
de novembro gritaram por este País inteiro que os brasileiros querem mudanças.
Esta é a palavra que saiu de todas as urnas, de Norte a Sul. O Brasil quer
mudanças, e não podemos frustrar esta mensagem do povo. Os políticos, pelos
seus partidos e organizações da sociedade civil, e nós da imprensa, não podemos
deixar de participar disto.
Agradeço
esta homenagem ao "Diário do Sul" e torço com todos vocês para que
ele se revele competente o suficiente para merecer, também, o voto popular e
merecer, por isso, sobreviver num mercado tão difícil e complicado como é o do
Rio Grande do Sul. E isso vai depender muito de nós. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Compete à Presidência, no ensejo desta
homenagem, dirigir algumas palavras ao Jornal "Diário do Sul".
Os
oradores que me antecederam ressaltaram a importância de um novo jornal, de um
novo espírito colocado à disposição do povo gaúcho. Pouco me resta a
acrescentar, pois quem fala por último tem pouco a dizer. Mas acredito que esta
Casa, na medida em que é Casa do Povo, em boa hora, através do Ver. Caio
Lustosa, de minha Bancada, trouxe esta proposição para que fizéssemos uma
Sessão Solene. Ela foi aceita por todos os membros da Casa. Esta Casa, formada
e constituída por pessoas que tiveram o "referendum" através do voto
da população desta Cidade, também depende dos veículos de informação até para
poder passar das paredes desta Casa o trabalho que aqui é realizado, um
trabalho que nós temos enorme dificuldade de fazer com que esta Cidade e o povo
do Rio Grande do Sul conheçam, porque nem sempre aquilo que se faz de bom aqui
dentro sai. Às vezes, os nossos erros, os nossos equívocos é que saem. Nós
somos humanos e, como tal, erramos. Mas me parece que o papel de uma imprensa
séria é, exatamente, não ressaltar os erros e os defeitos eventuais que, em
momentos, ocorrem, de uma determinada instituição - e de uma instituição que
deve ser preservada, como são os Legislativos neste País -, mas deve ressaltar,
principalmente, o trabalho sério que estas Casas Legislativas tentam fazer. Nem
sempre este trabalho é fácil. Nem sempre este trabalho é devidamente
recompensado, devidamente entendido. Nós achamos que um jornal como o
"Diário do Sul", que vem trazer uma nova visão, uma nova mensagem,
terá uma profunda importância no trabalho que esta Casa realiza, no trabalho
que Casa do Povo faz em função daqueles que acreditaram nos seus representantes
e que aqui nos trouxeram. Por eles nós procuramos honrar o nosso mandato e para
eles procuramos realizar o nosso trabalho. Esperamos, realmente, que o
"Diário do Sul" tenha êxito na sua jornada que recém se inicia e que
possa, realmente, continuar naquilo que a gente já viu de início, e que é uma
imprensa séria, uma imprensa preocupada não só em dar uma notícia, mas em dá-la
de forma coerente, analisada e objetiva.
A
Câmara Municipal de Porto Alegre sente-se honrada em poder, hoje, homenageá-los
e espera que possamos comemorar os cinco, dez, quinze, vinte anos da existência
deste jornal. Não estaremos aqui para isso - pelo menos eu não estarei -, mas
outros Vereadores, provavelmente, nos sucederão aqui e outros Vereadores farão
esta homenagem que, certamente, este jornal merecerá através do tempo.
Agradecemos
a presença de todos e, em especial, ao Jornalista Hélio Gama, Editor-Chefe do
"Diário do Sul"; ao Ver. Cleom Guatimozim, representando, neste ato,
o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares; ao Economista Sérgio Rosa,
Assessor de Marketing do "Diário do Sul"; Dr. Geraldo Gama, Assessor
Jurídico do "Diário do Sul"; Jornalista Alda Souza, Chefe da Sucursal
da Empresa Brasileira de Notícias; Sr. Aristeu Flores, do Jornal "Correio
dos Bairros"; Jornalista Jane Rodrigues, da TV Pampa, e aos demais
presentes nesta Sessão. Muito obrigada.
Nada
mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos e convoco os Srs.
Vereadores para a reunião de Bancada a seguir e para a Sessão Ordinária de
amanha, à hora regimental.
Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se
a Sessão às 17h50min.)
Sala
das Sessões do Palácio Aloísio Filho, 25 de novembro de 1986.
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